
O que você precisa saber sobre as síndromes disabsortivas
A função de todo o trato digestório, desde o momento em que ingerimos os alimentos, está voltada para a absorção e o aproveitamento correto de seus nutrientes para adequada manutenção de todo o nosso corpo. Por isso, as síndromes disabsortivas, também conhecidas como síndromes de má absorção, podem trazer prejuízos a processos vitais e prejudicar consideravelmente o estado nutricional de um indivíduo.
Dessa forma, é fundamental que tal condição seja sempre avaliada. Assim, pacientes e cuidadores devem estar atentos aos principais sintomas gerados por esse problema e compreender quais são as características mais comuns da manifestação de uma síndrome disabsortiva.
O que caracteriza as síndromes disabsortivas?
Em linhas gerais, as síndromes disabsortivas englobam condições de caráter multifatorial que afetam a absorção de um ou mais nutrientes, seja por problemas no processo de digestão, seja por dificuldades no transporte dos mesmos1. Nesse sentido, uma alteração relacionada à má absorção pode ser global e envolver deficiências de todos os nutrientes ou estar restrita a apenas um grupo deles (gorduras, proteínas ou carboidratos, por exemplo)1.
Seja como for, é fundamental diferenciar problemas de absorção e digestão, ainda que em muitos casos eles possam estar conectados2. Para isso, é preciso compreender que a digestão e absorção de nutrientes acontecem em 3 fases, cada uma delas em pontos diferentes do trato digestivo1,2:
- Fase 1 (também chamada de luminal), relacionada aos processos de digestão dos nutrientes por meio de enzimas;
- Fase 2 (também chamada de mucosal) responsável pelas digestões complementares pela borda do intestino e absorção pela mucosa intestinal;
- Fase 3 (também chamada de fase de transporte ou pós-absortiva), que está relacionada ao transporte sanguíneo ou linfático dos nutrientes.
Em tese, problemas em qualquer uma dessas três fases podem estar associados a uma síndrome disabsortiva. Porém, numa definição mais específica, problemas na fase 1 são caracterizados como problemas de má digestão e na fase 2 e 3 de má absorção1.
Vale reforçar que as causas das síndromes disabsortivas são inúmeras, fazendo com que seja impossível listar todas elas. Entretanto, entre as mais frequentes estão problemas como1,2:
- Disfunções gástricas que levam ao esvaziamento rápido do estômago;
- Deficiência na produção de determinadas enzimas;
- Cirrose;
- Pancreatite;
- Alguns tipos de câncer;
- Ressecção intestinal;
- Obstrução do íleo;
- Doença celíaca;
- Doença de Crohn;
- Doença de Whipple;
- Anemia perniciosa.
Sem o devido controle, a progressão de um quadro de síndrome disabsortiva pode agravar-se a ponto de provocar uma série de complicações. Elas vão desde desordens metabólicas até problemas cardiovasculares2.
Quais são os sintomas mais comuns?
As consequências da evolução de uma síndrome disabsortiva costumam ser percebidas pela presença de alguns sintomas, que podem estar associados ou não à deficiência de um ou mais nutrientes decorrentes dos prejuízos das funções do trato gastrointestinal. Assim, as alterações mais comuns são1:
- Diarreia crônica;
- Presença em excesso de gordura nas fezes;
- Distensão no abdômen;
- Perda de peso involuntária, mesmo com a ingestão alimentar adequada;
- Deficiências nutricionais graves (de vitaminas e minerais, inclusive) principalmente nos casos avançados.
Entre as deficiências de vitaminas e minerais aquelas que mais chamam a atenção são a de vitamina B12 e de ferro1. Nesse contexto, é comum que mulheres jovens com essa condição apresentem manifestações de amenorreia (ou seja, deixem de menstruar regularmente).
Como é feito o diagnóstico e o tratamento dessa condição?
Normalmente, o diagnóstico de um distúrbio de má-absorção é feito através da combinação de exames clínicos/físicos, associados a uma série de exames laboratoriais, solicitados conforme avaliação médica. Entre os mais comuns nesse processo estão1.2:
- Exames de sangue, tanto para avaliar a atividade metabólica/fisiológica, quanto para medir a deficiência de determinadas vitaminas e minerais. Exames mais específicos podem ser feitos em casos de suspeita de anemia ou deficiência grave de vitamina B12, por exemplo;
- Exames de fezes; inclusive para confirmar a presença de gordura na evacuação;
- Exames de imagens (como endoscopias, colonoscopias ou ressonâncias), sobretudo para identificar a causa do problema que leva à má-absorção, em especial quando elas estão associadas a suspeitas de alterações na mucosa intestinal.
Excluídas outras possíveis explicações para o problema e identificado o que está por trás da síndrome disabsortiva, o médico pode indicar as melhores alternativas de tratamento. As intervenções devem combinar2:
- Tratamento da causa de base do problema;
- Controle dos sintomas;
- Cuidado com alimentação, evitando alimentos que pode desencadear crises e agravar novamente a condição clínica (indivíduos com doença celíaca devem evitar alimentos com glúten, por exemplos);
- Correção de deficiências nutricionais, por meio da suplementação adequada.
Ou seja, é essencial que o diagnóstico sobre a causa de base do problema seja preciso. Sem isso, pode ser difícil reverter as manifestações das síndromes disabsortivas e impedir complicações. No mais, é preciso reforçar a orientação ao paciente sobre hábitos e comportamentos capazes de contribuir com sua qualidade de vida.
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Referências
- Ruiz, A. R. (2021). Visão geral da má absorção. Manuais MSD. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-gastrointestinais/s%C3%ADndromes-de-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o/vis%C3%A3o-geral-da-m%C3%A1-absor%C3%A7%C3%A3o#v893590_pt Acesso em 14 abril 2023.
- Zuvarox, T., & Belletieri, C. (2022, July 25). Malabsorption syndromes. NCBI Bookshelf. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK553106/